quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A Filosofia vai à escola

"O que os filósofos e as crianças têm em comum é a capacidade de maravilhar-se com o mundo"
Matthew Lipman



No final da década de 60 o Professor norte-americano Dr. Mattew Lipman, preocupado com o desempenho insuficiente de seus alunos, concebeu um Programa Filosofia para crianças, visando cultivar o desenvolvimento das habilidades cognitivas mediante discussões de temas filosóficos e visando com tais discussões, a iniciação filosófica de crianças e jovens.
Já na década de 70, o Programa demonstrou ser uma abordagem promissora para o aprimoramento das habilidades cognitivas e, a partir de 1976, espalhou-se pelo mundo.
No Brasil chegou em 1985.


"Filosofia é uma palavra que costuma meter medo. Imaginamos perguntas terrivelmente complicadas, um vocabulário enigmático, livros dos quais não se entendem nem o título. Não seria uma atividade para todo o mundo. Engana-se quem acredita nisso, pois todo o mundo se indaga sobre o sentido da vida, sobre a morte, a justiça, a liberdade...Todos são capazes de refletir, raciocinar, organizar sua idéias. Aliás, para filosofar não é preciso mais nada, só perguntas e método.A filosofia não é um quebra-cabeças, mas uma atividade que se pode praticar como a música ou o esporte: principiante, amador ou profissional. O importante é começar bem..."
Roger - Pol Droit

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

ENSINAR FILOSOFIA A CRIANÇAS E JOVENS



A filosofia é um exercício que fazemos quase sem pensar. Quando observamos os fatos do mundo e tentamos deles nos abstrair, para ver um sentido, estamos filosofando. Para a criança e o jovem, guardadas as diferenças de complexidade de raciocínio, é importante ensinar filosofia, para que aos poucos estruturem um pensamento organizado, investigativo, crítico sobre as coisas.


A contribuição da filosofia no dia-a-dia.

Uma criança ou jovem, ao refletir sobre o que acontece à sua volta, sobre o que sente, sobre como as pessoas agem, apropriando-se progressivamente da contribuição da filosofia, para este conhecimento, realiza um avanço em termos de raciocínio e de consciência sobre a vida e o mundo.Outro dia, a mãe de uma criança de 9 anos contava sobre uma pergunta de sua filha: "Mãe, que é mensalão?". A mãe explicou, de forma simples e direta: "é um pagamento que uma pessoa faz para que a outra pessoa vote no que ela deseja." Satisfeita por ter sido objetiva e rápida na resposta, assustou-se a mãe poucos minutos depois quando a menina respondeu: "Ah! Eu sei.. é como fazemos na escola... Queríamos que os outros votassem no mesmo nome que escolhemos para a nossa biblioteca para a nossa classe ganhar... E por isso pagamos a cada um que votasse em nosso nome com uma figurinha e um doce...". A partir daí, a mãe teve que entrar em uma discussão que, como inúmeras outras mães, nunca havia tido com sua filha: a questão da ética, a questão da liberdade do pensamento, a questão da luta honesta pelas verdades em que se acredita. Isto é filosofia. A Unesco destacou a importância do ensino da filosofia para crianças e, neste sentido, vale a pena ler a Declaração de Paris, documento organizado pela Unesco há 10 anos atrás.




A filosofia facilita também a que o jovem desenvolva a tolerância. Ele percebe que há várias formas de ver uma realidade, dependendo do ponto de partida. Mesmo assim, como a filosofia o exige no sentido da verdade, ele terminará exercitando a mente no sentido da abrangência, da diversidade, mesmo que conclua por algumas crenças que lhe pareçam mais interessantes e instigantes. Piaget define esta questão com clareza: "A filosofia, ao visar a totalidade do real, comporta necessariamente dois caracteres que constituem a sua originalidade própria: o primeiro é que ela não poderia dissociar as questões umas das outras, uma vez que o seu esforço específico consiste em atingir o todo; o segundo é que, tratando-se duma coordenação conjunta de actividades humanas, cada posição filosófica determina valorações e uma adesão, o que exclui a possibilidade de um acordo geral dos espíritos na medida em que os valores em questão permanecem irredutíveis." (J. Piaget, A Situação das Ciências do Homem no Sistema das Ciências.)
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